segunda-feira, 9 de julho de 2012

A cada dia...


É, a cada dia tenho mais certeza de que não entendo.
Certeza do incerto. A cada dia vejo a água correndo no rio. Vejo as nuvens se desmanchando no vento e vejo meu corpo se desfazendo no ácido.
A cada dia vejo os pássaros caindo, mas eles não voam? Eles não tem asas? É, eles me disseram que tinham.
Eu ouço o adeus do fogo na última chama da fogueira, mas eu me lembro de ter colocado bastante lenha... porque ele se apagou? morrerei de frio, morrerei de solidão. Mas não tenho medo, a solidão não existe, pois nós somos nossa melhor companhia, morrerei comigo. Vi as flores despetaladas, vi a madeira cortada, a cada dia cortam mais um pedaço dela. E eu agora só olho e silencio, afinal sou apenas eu. Um grão de areia em suas mãos. Apenas sopre e me diga adeus. Apenas sacuda e eu irei embora, o rio me levará e me matará, o ácido me corroerá, os pássaros me empurrarão no abismo e cortarão minhas asas assim como eles cortam a madeira, eu apagarei junto com o fogo que se vai. A cada dia eu vejo o sol nos seus olhos e são eles que iluminam minha vida, a cada dia sinto seu corpo, e é ele quem reconstitui minha pele, vejo suas asas e são elas que me dão liberdade, vejo suas pétalas e elas me perfumam. ouço teu silêncio e ele me diz tudo.
Meu coração é triste.

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