segunda-feira, 9 de julho de 2012

A cada dia...


É, a cada dia tenho mais certeza de que não entendo.
Certeza do incerto. A cada dia vejo a água correndo no rio. Vejo as nuvens se desmanchando no vento e vejo meu corpo se desfazendo no ácido.
A cada dia vejo os pássaros caindo, mas eles não voam? Eles não tem asas? É, eles me disseram que tinham.
Eu ouço o adeus do fogo na última chama da fogueira, mas eu me lembro de ter colocado bastante lenha... porque ele se apagou? morrerei de frio, morrerei de solidão. Mas não tenho medo, a solidão não existe, pois nós somos nossa melhor companhia, morrerei comigo. Vi as flores despetaladas, vi a madeira cortada, a cada dia cortam mais um pedaço dela. E eu agora só olho e silencio, afinal sou apenas eu. Um grão de areia em suas mãos. Apenas sopre e me diga adeus. Apenas sacuda e eu irei embora, o rio me levará e me matará, o ácido me corroerá, os pássaros me empurrarão no abismo e cortarão minhas asas assim como eles cortam a madeira, eu apagarei junto com o fogo que se vai. A cada dia eu vejo o sol nos seus olhos e são eles que iluminam minha vida, a cada dia sinto seu corpo, e é ele quem reconstitui minha pele, vejo suas asas e são elas que me dão liberdade, vejo suas pétalas e elas me perfumam. ouço teu silêncio e ele me diz tudo.
Meu coração é triste.

quinta-feira, 31 de maio de 2012

A árvore, o coração e o pássaro.



Eu sei qual é aquela árvore, aquela mesmo frondosa, bela.
Eu sei porque seu tronco tem possui aquela coloração diferenciada, eu a toquei.
Eu sei o formato de suas folhas, eu as vi, o vento falou comigo.
Eu sei todas as suas utilidades medicinais, e mesmo que naquele dia ela ainda não estivesse em flor,
Eu conheço o cheiro e a textura de suas flores.
Eu sei o nome dela, eu sei a sua altura e a quantidade de galhos.
Eu sei a idade dela, sei seus segredos, Ela falou comigo em um dia ensolarado, pois naquele dia a noite ela só nos observou, e talvez pela sua presença ela não disse nada. mas quando eu apareci lá sozinha, sem minhas máscaras, com o coração exposto, fora do peito, sangrando, ela falou comigo.
Mas eu não te contarei nada sobre ela, ó Pássaro negro!
Ficarei em silêncio, guardarei segredo, e mais uma vez eu tentei, mas não deu certo de novo. Então, fico com a árvore, e você não fica com meu coração... assim como ninguém nunca ficou.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Corram...





O fogo.
Ela sobe no palco, resplandescente como a mais bela estrela.
O fogo anuncia.
Ela anda lentamente em círculos.
O fogo anuncia sua chegada.
Ela olha nos olhos de todos, um a um.
O fogo anuncia sua chegada triunfante.
Ela venceu, e o matou.
O fogo anuncia sua chegada triunfante por entre as árvores.
Ela agora fará com que ele retorne à vida. Prestem atenção.
O fogo anuncia sua chegada triunfante por entre as árvores, cheia de desejo.
Prestem atenção ó todos vocês que deram passos até aqui. Ela o acordará com um grande beijo.
O fogo anuncia sua chegada triunfante por entre as árvores, cheia de desejo e faminta.
É agora ó tribos da Deusa espalhados pelo mundo, que ele levantará e a tomará nos braços, pois Ela o fez reviver, pela água, pelo fogo, pela terra e pelo ar. Clamai pelo seu nome, ó filhos da terra. Arranquem suas roupas e gritem por Ceridwen.
O fogo anuncia sua chegada triunfante por entre as árvores cheia de desejo e faminta. Sua pele contém todos os odores do mundo, tornando-se irresistível.
Corram espíritos caninos, corram pela floresta, mas não tirem o pensamento dela, foquem seu pensamento nEla. Ela está lá em cima, com ele, e abençoará cada passo que dermos.
O fogo anuncia sua chegada triunfante por entre as árvores cheia de desejo, faminta. Sua pele contém todos os odores do mundo, tornando-se irresistível, quase mortal.
Corram, ó filhos da floresta verdejante. Não olhem para trás pois Ela também estará no seu destino!

segunda-feira, 16 de abril de 2012




Tudo está camuflado,
Tudo é estreito, tudo é duro, tudo é escuro.
Venha aqui sente-se debaixo da laranjeira, comigo.
Dê-me um abraço,
Corra comigo por entre as árvores.
De mãos dadas.
Venha comigo lá na beira do riacho, ouvir o barulhinho da água, cantar algumas músicas sem nome.
E quem sabe molhar os pés lá.
Escreve uma poesia pra mim, daquelas que todo mundo quer um dia ter.
Venha ficar comigo.
Fale, no meu ouvido, um dia, fale o ar que você respira.
Ouça a comida que você come e toque minhas palavras.
Toque meu canto, sente-se na minha frente e apenas me observe.
Decifra-me, Olhe pra mim, olhe, olhe, olhe.
Tudo é escuro, minha cabeça está pra baixo, tudo é tão escuro e frio, e duro, e estreito.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

pétalas

Pétalas de flores roxas de um ipê voam ao vento, elas estão próximas do chão. O tempo está chuvoso, nada muito dramático. Há um som, e vertigem. Há alegria no vento de abril. As pessoas me olham. Porque elas me olham? Há livros, não tenho perguntas.
Mas insisto que há um som muito bonito, vindo de baixo, me arrepio. As cordas vibram. Hoje estou estranha, não quero fazer perguntas pois las me levariam à loucura.
No final nada existe. Mas tudo está bem ali diante dos meus olhos míopes.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Tentativas

A Ave.
Ela levanta a cabeça, olha para o céu, abre as asas suavemente, mostrando um leque de penas brancas. Uma delas se solta e voa pelo ar, enquanto ela, magnificamente dá alguns passos anda até a beira do rio.
Ela caminha, seu pescoço é longo, delgado e tênue e faz um movimento quase hipnótico junto com seu passos.
Ela leva seu bico até a água e num movimento rápido e brusco pega um peixe que estava preso à margem.
Levanta novamente a cabeça, e abre o bico o máximo que pode para engolir a caça, com dois ou três fortes espasmos ela o engole. Ela dobra os joelhos, continua com a cabeça erguida mas agora há uma curva sinuosa no pescoço. depois de umas 3 horas ela se levanta, anda mais um pouco e inclina a cabeça, seus músculos ficam tensos e suas pernas dobram. Suas asas se abrem como uma explosão e formam um ruido assustador, mas ela já o conhece e não se assusta. Seus olhos mudam de cor e assim ela se prepara para o voo.As asas elas fazem um movimento lento e ritmado, e ela desliza sob as nuvens, e some no horizonte.

O Felino

ela pisa nas folhas secas, a fêmea, seus passos são firmes e lentos. Ela olha fixamente para frente, como se nada pudesse roubar-lhe a atenção. Seu focinho está erguido, e seu rabo ereto. Ela olha para o lado lentamente e vê algum inseto grande por ali, ela corre um pouco e depois fica aos pulos, como se quisesse pegar o ar. Faz isso por alguns minutos, mas logo não interessa mais. Por trás das árvores ela avista um possível almoço. Ela espreita durante um tempo, mas não, não está a fim de correr para ela. Quem sabe mais tarde. Ela brinca com o sol. Anda até uma lareira e por fim, inicia seu mais belo movimento, como um ritual sagrado, o de sentar. E ela senta em uma belíssima posição, e ela sabe quanto bela ela é e seu peito fica à mostra e ela ainda observa ao seu redor com a mesma elegancia.

terça-feira, 20 de março de 2012


"Longos passos, tão longos que não chegam a lugar nenhum"

Medos

Será em frente a um espelho que me encontrarei, ou será olhando nos seus olhos , me vendo refletida na suas pupilas. Ou será vendo tua dança, tua dança da vida.

É lá que finalmente descansarei, porque finalmente terei me encontrado.

Depois de longos caminhos estarei entregue ao cansaço pois é lá onde irei repousar É lá que você sou eu e eu sou você e nossas vozes vagueiam e nossos corpos cintilam. E nossas vidas se fundem. Será que fechando os olhos, consigo sentir-me ou olhando-te consigo ter-me. Ter, finalmente ter a mim... mas só através de ti?? ou através de mim lá no espelho.

Mais uma vez olho nele e me vejo, e voltam as mesmas dúvidas os mesmos medos, as mesmas loucuras.

quinta-feira, 15 de março de 2012

F.32 ? deve ser um novo avião a jato...

Onde estou? O que sinto? arrepio e medo...fome... não, não sinto fome.
Medo, pavor, todo o meu corpo. Chego a implorar a mim mesma que levante e ande. "Talita kum" Menina, levanta-te, e ande.
Preciso de um milagre destes urgente.
Vá, ande, levante, chegou a hora, vamos, corra, voe, 3 2 1 e... jááá.
Não tenho forças, não sei onde encontrava forças, aquelas cores, parece que não vejo mais. Era tão belo.O cheiro da vida era tão bom, tão magnífico, eu respirava, eu mstigava o ar.
Transtornos sexuais.
Transtorno de ajustamento... andei lendo. Anorexia nervosa, facilidade em cumprir as regras risoooos.
Não, não acho que me encaixo em nenhum deles.
Sinto-me sozinha, no que sinto em tudo o que sinto.
Questiono o porque estou aqui... aí vem aquele e-mail e me diz, aí vêm aquele livro e me diz que estou aqui por mim mesma...
E aqueles gestos e aquelas palavras? porque não as admiro quando saem de mim? Porque não os amo quando eu os faço?
Blueberry... desde então não tentei mais nada... cad~e o fio que liga minha alma ao meu corpo?
Tem bagunça aqui na minha mente. Tenho medo.
Tenho medo de nunca mais conseguir arrumá-la
Estou cansada de mim.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

As moscas

As moscas voam ao redor da lixeira. Eu volto ao passado.
Peguei o ônibus, para lá voltei.
Mentes vivas esperam, roupas se molham, minha vida se encaixa.
O coração finalmente se acalma.
As moscas morrem logo.
O lixo logo será recolhido, e o passado será visitado como se nunca tivesse sido.

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